São quase dez horas da manhã de um belo domingo iluminado por um sol majestoso. Na rua, a tradicional gritaria da igualmente tradicional feira ecoava por todos os lados. Entre tantos chamados, um chamava atenção. Uma voz rouca que esbravejava: “Olha a laranja da felicidade, mais doce que a minha vida..” . Entre as primeiras barracas, de avental branco e calça jeans, estava o homem que repetia a frase incansavelmente.
O sorriso fácil, descompromissado e radiante é sua marca registrada. Assim como as pequenas manchas pretas espalhadas pelo nariz, que ele jura serem conseqüências de uma cusparada que levou de um sapo quando ainda era uma criança e vivia no interior do Ceara.
Na verdade, as mancha são umas das poucas lembranças do tempo de infância que sobraram na memória de Josemar Aparecido da Conceição, hoje um senhor de barba branca e rala, de pele morena “escurecida pelo sol e pela poeira”, como ele gosta de descrever. A fome, as dificuldades e as surras que tomava do pai, prefere não falar, diz que as deixou em Acarapé, pequena cidade onde viveu até os dez anos de idade, quando se escondeu na carga do caminhão do tio caminhoneiro e veio para São Paulo, tentar uma vida melhor.
O sorriso fácil, descompromissado e radiante é sua marca registrada. Assim como as pequenas manchas pretas espalhadas pelo nariz, que ele jura serem conseqüências de uma cusparada que levou de um sapo quando ainda era uma criança e vivia no interior do Ceara.
Na verdade, as mancha são umas das poucas lembranças do tempo de infância que sobraram na memória de Josemar Aparecido da Conceição, hoje um senhor de barba branca e rala, de pele morena “escurecida pelo sol e pela poeira”, como ele gosta de descrever. A fome, as dificuldades e as surras que tomava do pai, prefere não falar, diz que as deixou em Acarapé, pequena cidade onde viveu até os dez anos de idade, quando se escondeu na carga do caminhão do tio caminhoneiro e veio para São Paulo, tentar uma vida melhor.
AVENTURA
Desde que chegou em São Paulo, há 45 anos atrás, nunca mais viu o pai, nem os dois irmãos. Sabe que um mora em Goiás e só. A mãe morreu quando ainda era um bebe.
Sem saber o que fazer com o sobrinho, o tio o levou para Sertãozinho, em uma das fazendas que prestava serviços. Lá Josemar conseguiu seu primeiro emprego na plantação de laranja. Aprendeu o valor da terra e o do suor do trabalho. Lá também conheceu Esmeralda, sua esposa. Uma mulher doce como as laranjas que Josemar hoje vende em sua barraca, nas feiras da vida.
Dizem que quando moça, dona Esmeralda arrancava suspiros até do filho do patrão, o que desanimava Josemar a tentar alguma coisa. Mas em uma tarde, voltando da plantação, em uma carroça, topou com a moça que vinha andando pelo estradão de terra batido. Ofereceu uma carona e naquele dia os olhos de Esmeralda recaíram no dele e ali nascia uma família que seria completada por quatro filhos e três netos.
Casaram-se, ele com 28 anos, ela com 20. Moravam em uma casa, cedida pelo dono da fazenda. Esmeralda logo se acostumou com a mão áspera e calejada que lhe acaricia o rosto todas as manhãs antes de sair para o trabalho, que ia até o anoitecer. Ela cuidava da casa, mas também bordava, costurava e lavava para fora.
O AMOR
Juntos compraram um pedaço de terra e começaram a produzir. Hoje possuem uma das barracas mais famosas das feiras de domingo. Famosa tanto pelo sabor doce de suas laranjas, como também pelo humor de seu Josemar. Entre piadas, “causos” e ensinamentos, provoca o sorriso de qualquer um disposto há esquecer a pressa do dia-a-dia e perder algum tempo em conversas animadas, que por si só, explicam a frase inscrita em uma placa de madeira, pendurada no alto da barraca: “Vende-se laranjas e doa-se amor” .
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